
Enganam-se aqueles que pensam que o glamour e os altos salários de jogadores de futebol são suficientes para garantir uma vida tranquila após a aposentadoria. Com uma carreira profissional bem mais curta do que o comum, os atletas ficam em atividade, em média, de 12 a 15 anos. Nesse período, precisam conseguir o sustento para o resto da vida, já que é comum que atletas não tenham formação superior e nem outra profissão quando param de jogar.
O caso do ex-jogador do São Paulo Jura – que perdeu tudo e hoje é manobrista no estacionamento de um restaurante em Piracicaba -, retratado pelo UOL Esporte há três semanas, não é uma exceção por aqui e nem no exterior. Um levantamento apontou que mais de 50% dos ex-atletas declaram falência em até dois anos após o fim da carreira. O número é superior a 80% após o quinto ano.
“Infelizmente, o caso do Jura é mais comum do que se imagina, não é exceção. Não posso entrar no mérito da questão, pois não sei exatamente o que aconteceu com ele, mas o jogador perder tudo o que acumulou é algo muito corriqueiro. Eles lidam com muito dinheiro, mudam o padrão de vida que tinham e, com isso, aumentam também as despesas. Como normalmente estão mal preparados para enfrentar esse tipo de situação, têm dificuldades de tomar decisões e investem de maneira errada o que recebem”, comentou Marcelo Claudino, que mantém uma empresa de consultoria financeira, a TopSoccer, que cuida justamente de atletas do futebol.
Marcelo ainda relembra que o futebol brasileiro está repleto de casos semelhantes e relembrou que um dos maiores nomes da história do nosso futebol morreu pobre. “O Garrincha é um exemplo emblemático de que nem sempre a fama e o dinheiro do futebol são sinônimos de um futuro tranquilo. Ele até hoje é considerado um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, mas morreu de uma forma triste e muito pobre, pois se entregou ao vício da bebida e não soube como gerir todo o dinheiro que ganhou”, afirmou.
Claudino fez uma ressalva importante: acredita que mesmo um jogador que não receba tanto quanto as grandes estrelas do futebol e não esteja em um time de primeiro escalão pode garantir uma aposentadoria tranquila. “Assim como qualquer profissional de outra área, os atletas precisam de escolhas corretas ao longo da carreira. Planejamento financeiro não se aplica apenas às grandes estrelas. Grande parte dos atletas do futebol está no topo da pirâmide de renda brasileira e podem se planejar adequadamente. Precisam porém, de orientação honesta e profissional.”, completou o gestor financeiro.
Fonte: BOL Notícias